CULTURAL
A gastronomia Novo Aripuanense é algo maravilhoso! Utilizando de ingredientes da própria floresta, muitos tipos de comida têm origens indígenas estritamente regionais. São frutas, folhas e temperos bem diferentes, com sabores exóticos, mas muito gostosos, que dão o toque especial às nossas comidas típicas. Então vamos conhecer um pouco do que é de melhor na gastronomia de Novo Aripuanã.
Tucumã: Tucumã é o fruto símbolo de Novo Aripuanã, é extraído de uma palmeira que chega a medir até 20 metros e seus frutos amarelos com tons avermelhados são muito apreciados na região norte. O fruto possui um grande caroço muito resistente, e em cima do caroço podemos retirar a polpa que possui um saber único, retira-se a casca e raspa-se a parte comestível. É utilizado na culinária de diversas maneiras, junto com o arroz, por exemplo, ou comida com o famoso “x-caboclinho” (pão com tucumã) e na tapioca com queijo coalho ou muçarela.
Tacacá: O tacacá é uma espécie de sopa, preparada com um caldo fino, de cor amarelada, chamado tucupi fervido e temperado, no qual se coloca um caldo mais grosso preparado com a goma de tapioca. Como acompanhamento, adiciona-se pirarucu seco, jabá/charque (carne bovina seca) ou camarão. Serve-se muito quente, em cuias e come-se com dois pauzinhos, como os hashi japoneses.
Tucupi: O tucupi é um líquido de cor amarelada extraído da raiz da mandioca, que é descascada, ralada e espremida. O caldo extraído “descansa” para que o amido (goma de tapioca) se separe por decantação do líquido (tucupi). O tucupi é, então, fervido para eliminar o ácido cianídrico, venenoso, só então podendo ser usado na culinária. Ele pode ser encontrado nos comércios locais e nas feiras pela cidade.
Jambu: Erva típica da região norte do país e muito utilizada na culinária da região amazônica, muito utilizada em pratos como o tacacá, pato no tucupi dentre outras. Quando se come o jambu sente-se os lábios levemente dormentes por ele conter características de um anestésico natural. É encontrada como ingrediente dos pratos, mas pode-se também preparar o jambu da mesma maneira que se prepara uma couve, cortando-a fininha e refogando-a.
Pato no tucupi: O pato no tucupi é um prato brasileiro típico da culinária da região Norte do Brasil. É elaborado com tucupi, líquido de cor amarela extraído da raiz da mandioca brava, e com jambu, erva típica da região norte. Pode ser acompanhado por arroz branco ou farinha-d’água de mandioca
Tambaqui: O tambaqui é considerado por muitos um dos melhores pescados de água doce do mundo. É um peixe grande, pode alcançar cerca de um metro de comprimento e chegar até 45 quilos. Hoje, contudo, dificilmente se encontram desse porte. Pode ser feito ao forno ou caldeirada. Muito dos pescados consumidos na região de Novo Aripuanã vem dos lagos e reios da região, piscicultores locais ou são trazidos de outros estado, como o estado de Rondônia.
Pirarucu: O Pirarucu é o maior peixe de escamas de água doce do mundo, podendo medir mais de dois metros e pesar até 250 Kg. Os ninhos são formados durante a seca e acabam ficando expostos à ação dos pescadores, tornando o peixe bastante vulnerável. É muito apreciado na culinária e é conhecido como o “bacalhau da amazônia”, por ter a carne beneficiada seca e salgada, praticamente desprovida de espinhas. Dentre os pratos mais conhecidos está o famoso “pirarucu de casaca”.
Banana grande verde ou madura frita: Em outras regiões também conhecida como banana pacovam ou da terra, é um fruto muito apreciado na região novo aripuanense, a banana grande verde é comum encontrarmos para vender armazenadas em sacos plásticos, já a banana grande madura é muito consumida na tapioquinha, com pão ou em tortas e bolos. A fruta verde é cortada em rodelas fininhas e fritas em óleo e temperadas com sal (a esquerda), fica crocante e é delicioso. A banana madura (a direita), mas aí ela é cortada longitudinalmente, também é muito saborosa.
Tapioca: A goma ou Tapioca é a fécula extraída da mandioca no momento quando se coloca o tucupi para decantar, é um dos produtos maus consumidos na região amazônica, em Novo Aripuanã e mais recentemente no Brasil todos. Usualmente vendida em em forma granulada, trata-se do ingrediente principal de algumas iguarias típicas da nossa região, como o beiju, biscoitos indígenas dentre outros. É muito comum o seu uso também torrada (a direita), quando vira uma farinha deliciosa que pode ser consumida com café, vinho de açaí dentre outros.
Tapioquinha: A tapioca, ou beiju, é uma iguaria de origem indígena tupi-guarani, feita com a goma da tapioca. O recheio pode variar, podendo ser servida somente com manteiga, com queijo ou mesmo com tucumã, que é a fruta típica de Novo Aripuanã-AM.
Castanha da Amazônia: A Bertholletia excelsa, popularmente conhecida como castanha-do-brasil, castanha-da-amazônia, castanha-do-pará é uma árvore de grande porte, muito abundante no norte do Brasil e na Bolívia, cujo fruto contém a castanha, que é sua semente que contém uma amêndoa na parte de dentro. A região de Novo Aripuanã é grande produtora da castanha, que figura como uma atividade sustentável, uma vez que os ouriços (local onde as castanhas ficam quando caem) são apenas coletados embaixo das castanheiras. As castanhas são amplamente utilizadas na culinária local, principalmente na tapioquinha, bolos e beijus, mas também em caldos dentre outros pratos da culinária novo aripuanense
Cupuaçu: É um fruto de sabor bem forte e intenso, comumente usada em sorvetes, sucos e vitaminas, além dos bombons e com o guaraná e chocolate. Produto abundante na região de Novo Aripuanã, muitos produtores rurais vendem na feira com a casca e caroços ou mesmo a polpa. Muito utilizado também na fabricação de musses e cremes.
As lendas de Novo Aripuanã nasceram das aspirações de artistas locais que viram a necessidade de divulgar nossa cultura através da dança e apresentações lendárias. Atualmente é o festival que mais evoluiu no Município.
O FESTLENDAS é um Festival que teve sua criação oriunda do FESTDANÇA, visto que as apresentações das lendas eram realizadas juntas no mesmo Festival, porém em dias específicos, que sempre se apresentavam na última noite com grande participação do público. Nesse sentido o FESTLENDAS é um evento de animação e criatividade, que envolve o povo em geral. Afinal de contas, difícil é encontrar alguém de Novo Aripuanã que não tenha ligação ou admiração por alguma lenda para torcer.
As agremiações lendeiras de Novo Aripuanã são: lendas Apurinã, Jurupari, Tucumã e Anaupira, são as grandes anfitriãs de um festival, que visa valorizar a dança num ritual lendário de uma forma teatral, que contagia o público e que superlota as arquibancadas do PARQUE CULTURAL, durante as três noites.
Vale lembrar que as duas últimas edições 2018/19 do FEST LENDAS foram marcadas porexcelente organização e valiosas atrações, ficando assim definidas: saíram as danças, ficaram somente as lendas e melhoraram as atrações.
Em 2018 tivemos como atração principal a cantora Joelma e Banda. Em 2019 a dupla sertaneja João Bosco e Vinícius, Além de outros artistas e bandas locais, que completaram o espetáculo no restante da noite até o dia amanhecer.
Em 2020 não houve festival por motivo da pandemia de covid-19, que inviabilizou todos os eventos no mundo. Assim sendo, no dia 18 de dezembro com a redução de casos da doença no Amazonas foi realizada uma LIVE na quadra da Escola Julieta com a participação das lendas: APURINÃ, TUCUMÃ e JURUPARI. Uma organização e realização do Instituto XIU, onde as pessoas tiveram a oportunidade de assistir o evento das suas próprias casas, visto que estava sendo transmitido ao vivo pela internet.
(Informações extraídas do livro “História do nosso povo – Novo Aripuanã-AM” do escritor Francisco Carlos Ferreira Gouvêa)
O povo Novo Aripuanense é um povo movido pela fé e pelas crenças, nesse sentido, as festividades religiosas são uma forte vertente de expressão cultural das crenças caboclas. A Seguir falamos das principais festas religiosas de Novo Aripuanã-AM.
Nos meses de março
Festa de SÃO JOSÉ no bairro do Japiim, com três noites de arraial, dias 17, 18 e 19, com celebrações das missas, leilões, bingos e vendas de comidas e guloseimas na frente da Igreja, que fica na parte central do bairro, na Rua Cônego Bento, sendo sempre animados ao som de bandas locais com atrações da própria comunidade e a participação dos moradores do bairro. O faturamento líquido do arraial é investido na manutenção e melhorias no prédio da igreja. Uma imagem de São José foi erguida na frente da igreja, como forma de dar boas-vindas aos fiéis e visitantes.
Nos meses de maio
Festa de SÃO JOSÉ OPERÁRIO acontece todos os anos na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, do dia 1º até o dia 09 de maio, com celebrações das missas e arraial todas as noites, na quadra da Paróquia, com vendas de comidas, leilões e apresentações musicais com bandas locais.
Nos meses de junho
Festejo do DIVINO ESPÍRITO SANTO, geralmente inicia-se no final de maio e início do mês de junho no bairro do Trabalhador, com três noites de celebrações e arraial com vendas de comidas, bebidas e guloseimas. Tendo como atração musical apresentações de bandas locais e outras atrações que são as danças folclóricas, como a do Papagaio e do Gambá, que a cada ano se renovam, tendo em vista a criatividade dos moradores do bairro e o esforço da professora Ana Maria Pavão Rodrigues, que não tem demonstrado dificuldade para ajudar a abrilhantar as noitadas.
O festejo de SÃO PEDRO também é realizado no mês de junho com três noites de celebrações religiosas e um lindo e animado arraial nos dias 27, 28 e 29, com vendas de comidas bebidas, bingos e leilões envolvendo o povo católico daquele bairro que tem o mesmo nome do santo padroeiro. A Igreja de São Pedro atualmente encontra-se em fase de construção e, certamente, o faturamento dos festejos servirá para ajudar nesta construção.
Nos meses de setembro
O festejo de NOSSA SENHORA DAS DORES: É realizado geralmente nos dias 13, 14 e 15 de setembro. A Igreja de N. Sra. das Dores encontra-se edificada na área central do bairro do Tucumã, onde o festejo é realizado nas datas acima citadas, com vendas de comidas, bebidas, jogos de bingos, leilões e muita animação que fica por conta das bandas locais, graças ao empenho dos organizadores do festejo.
Nos meses de outubro
Festa de SÃO FRANCISCO DE ASSIS no bairro Nossa Senhora da Conceição, com três noites de arraial, com celebrações das missas, leilões, bingos e vendas de comidas e guloseimas. Sendo sempre animadas ao som de bandas locais com atrações da própria comunidade e a participação dos moradores do bairro. O faturamento líquido do arraial é investido na manutenção e melhorias no prédio da igreja.
Outro festejo desse mês é o de NOSSA SENHORA APARECIDA, nos dias 10, 11 e 12. O arraial ocorre em frente à Igreja no bairro das Palmeiras, na continuação da Rua Getúlio Vargas. Muitas pessoas da cidade se reúnem nas noites desse festejo para jogar bingos, participar dos leilões e se divertir com as músicas tocadas pela banda do local, que é ouvida por quase toda cidade, em virtude da posição das caixas de som. O festejo termina com a grande procissão que acontece no dia 12 de outubro.
Nos meses de novembro
Festa em homenagem a SANTO ANTÔNIO MARIA CLARET, no bairro da TV, com três noites de celebrações e arraial no pátio externo da igreja, com leilões, bingos, vendas de comidas e guloseimas e sempre animado por bandas locais e às vezes, alguma atração regional. Após a prestação de conta e reunião da comissão organizadora, geralmente o consenso prevalece com o acordo em que o faturamento líquido do arraial é todo investido na manutenção, ampliação e reparos no prédio da referida igreja.
Festejo de NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS, sua igreja fica localizada na área central do bairro Geraldo Colares e, atualmente, encontra-se em fase de construção. O festejo ocorre no final de novembro com celebrações religiosas, bingos, leilões e vendas de comidas e bebidas e uma excelente receptividade de seus organizadores que não medem esforços para realizarem o evento todos os anos cada vez melhor.
Nos meses de dezembro
Festejos em homenagem a NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO a padroeira deste município. Todos os anos é realizado os festejos em homenagem a sua padroeira, que inicia-se no dia 29 de novembro com a canoa de entrada e se estende até o dia 08 de dezembro com a grande procissão.
A canoa de entrada é um momento religioso que marca o início dos festejos, onde os fiéis acompanham a imagem de Nossa Senhora da Conceição numa procissão fluvial que é acompanhada por barcos de diversos portes e até uma grande balsa, para oferecer maior segurança aos fiéis que vão rezando e cantando os cânticos religiosos durante o percurso. Ao saltarem com a imagem no porto da escadaria a imagem é recebida com grande salva de fogos de artifício e muita religiosidade pelas pessoas que ali estão para recepcionar a imagem da nossa querida mãe imaculada Conceição. O brilho deste momento fica por conta do grupo LUMINART que enfeitam o encontro das águas dos rios Aripuanã e Madeira com velas acesas dentro de garrafas pet, e soltando nas águas que levam essas de rio abaixo deixando os moradores a admirar tanta beleza que o momento requer. Segundo os antigos moradores, relatam que em épocas passadas este ato era feito com velas dentro de cascas de mamão verdes e ou amarelos, dando um contraste de cores e brilho nas águas deste rio.
Todas as noites, logo após as celebrações, as pessoas se reúnem no pátio da quadra paroquial para o grande arraial que acontece durante o festejo com vendas de comidas, bebidas não alcoólicas, jogos de bingos, leilões e animado por apresentações de bandas locais e, sempre na última noite, uma atração regional. Vale ressaltar que o local hoje utilizado para o evento é fruto de um árduo trabalho do padre Ramiro Benito, que não media esforços para ver este arraial acontecer em melhores condições e comodidade ao povo. Assim sendo vale lembrar que no passado até os anos 80, esse arraial era realizado numa pequena casa ao lado da Igreja N.S. da Conceição e que era chamada carinhosamente de barraca da quermesse e a participação do povo parecia ser mais prestigiosa.
A procissão é um ato religioso que marca o final do festejo e reúne muitas pessoas que vão acompanhando a imagem de Nossa Senhora da Conceição pelas ruas da cidade até seu retorno na Quadra Paroquial, onde acontece a celebração de encerramento do festejo, com um número de pessoas bem expressivo neste ato religioso. Em seguida começa o arraial da última noitada, sendo esta a mais animada devido a grande participação do público.
(Informações extraídas do livro “História do nosso povo – Novo Aripuanã-AM” do escritor Francisco Carlos Ferreira Gouvêa)